Caracterização do Romantismo

A Europa das linhas férreas. Domínio das linhas ferroviárias ligadas às Industrias.

No século XVIII, muitos engenhos e invenções começaram a surgir em Inglaterra, no que toca à agricultura, transportes, indústria, comércio e finanças. Novas patentes foram registadas. A baixa da taxa de juro que coincidia com a expansão dos mercados interno e externo, constituía um estímulo ao progresso. Estas invenções acabaram por se traduzir num aumento do rendimento do consumidor e dos produtos essenciais. As principais novidades técnicas incluíam, entre outras, teares mecânicos, máquinas de fiação e fundição de coque. Todo este processo originou a chamada Revolução Industrial, que se operou, primeiramente, na Inglaterra no século XVIII.

Por volta de 1760, em Inglaterra, o sector têxtil algodoeiro conhecia um invento de grande importância: a máquina a vapor, de Watt (1769). A utilização desta nova fonte de energia tornou possível a substituição do "domestic system" pelo "factory system", isto é, o carácter da indústria modificou-se: a fiação passou a fazer-se, na sua maior parte, em estabelecimentos fabris e não em pequenas oficinas artesanais.

É evidente que tudo isto teve sérias repercussões: por exemplo, os tecelãos rurais, ao verem o seu trabalho e receitas aumentados, abandonaram os campos e passaram a concentrar-se nas cidades. A invenção e constante aperfeiçoamento da máquina a vapor permitiu também o aumento da produtividade e custos reduzidos.

A velocidade de rotação da máquina a vapor e o baixo custo da energia transformaram esta máquina num engenho de alta rendibilidade, a qual se tornou no símbolo da Revolução Industrial. Inicialmente utilizada na bombagem de minas, a partir de 1785 passou a ser utilizada nas indústrias algodoeira e metalúrgica. Embora a difusão da máquina a vapor fora da Inglaterra fosse incipiente, já se encontravam, nos começos do século XIX, no continente algumas unidades fabris com máquinas a vapor. A partir de 1840-50, a máquina a vapor conheceu novos aperfeiçoamentos e foi adoptada em todos os países em fase de industrialização.

Com a utilização do vapor, também a indústria siderúrgica se transformou, resolvendo os problemas da imigração e dispersão, devido às grandes concentrações fabris em locais rurais, quase sempre onde se produzia o carvão e o ferro. Para além da sua aplicação à indústria têxtil algodoeira, a máquina a vapor continuava a ser utilizada no transporte nas minas.

A partir de 1760, tanto em França como em Inglaterra, os inventores tentaram descobrir o melhor meio para adaptar a máquina a vapor aos transportes. Assim, em 1803 surgiu uma locomotiva a vapor construída por Richard Trevithick (1771-1833), e que fez várias viagens pelas ruas de Londres. Porém, essas ruas mostraram-se impróprias para o tráfego de locomotivas, pelo que a experiência não surtiu efeito.

A exploração dos caminhos-de-ferro está na origem do desenvolvimento de sistemas técnicos muito importantes no século XIX. Por exemplo, a partir de 1870, são adoptados o carril de aço, a sinalização eléctrica, o freio de ar comprimido, a manutenção hidráulica entre outros inventos que fazem do caminho-de-ferro uma das fontes de inovação do século XIX.

Em 1814, William Hadley inventou a sua locomotiva a vapor Puffing Billy, que provou ser possível fazer aderir a locomotiva aos "rails". Nasceu, assim, o caminho-de-ferro.

George Stephenson (1781-1848) viria a melhorar a locomotiva a vapor sobre carris, utilizada pela primeira vez nos transportes em 1829 e que ficou conhecida como "Rocket". A construção do caminho-de-ferro entre Liverpool e Manchester, associado à locomotiva, acabou por demonstrar as potencialidades do transporte a motor. No fundo, a locomotiva a vapor revelava-se o mais importante invento da revolução tecnológica. Os seus efeitos não só na vida económica inglesa como no resto do mundo foram profundos. Assim, os transportes terrestres sofreram um aumento significativo.

Na segunda metade do século XIX, a indústria reestruturou-se adoptando novos processos de produção e organização. A partir de 1860, entra-se numa nova fase caracterizada pela substituição do ferro pelo aço, do vapor pela electricidade e pelo petróleo como principais fontes de energia; dá-se também um desenvolvimento da automatização das máquinas e da especialização do trabalho; a usar ligas de metais leves e novos produtos da química industrial; as mudanças nos transportes e comunicações são inúmeras; o aperfeiçoamento e adopção de novas formas de organização capitalista e a extensão da industrialização à Europa Central e Oriental e ao Extremo Oriente são também marcas desses tempos.

Nesta fase da industrialização, os transportes ferroviários desenvolveram-se rapidamente, o que virá facilitar a aquisição de matéria-prima e a distribuição dos produtos. As distâncias tornam-se mais curtas, facilitando a concorrência e acabando com o isolamento de certas regiões.

Com o aumento da produção de ferro, que continua a crescer na segunda metade do século XIX, e o incremento da indústria siderúrgica, assiste-se a um forte desenvolvimento, produção de maquinaria, de meios de transporte e da engenharia civil; o caminho-de-ferro torna-se importante.

Por volta de 1840 foram construídos muitos quilómetros de linhas férreas pelo Mundo. Cerca de 1850, as redes ferroviárias da Grã-Bretanha e da Bélgica estavam todas concluídas e na Alemanha a maior parte das linhas ferroviárias tinham já sido construídas. Entre 1850-60, em França registou-se um crescimento na construção de linhas com o impulso do governo de Napoleão III. Os caminhos-de-ferro construídos entre 1840-60 já abrangiam as regiões mais desenvolvidas, o que constituía um bom negócio. Fora da Europa, os caminhos-de-ferro penetraram e modificaram rapidamente os espaços: nos EUA, no Japão e na Rússia, onde a linha do transiberiano e transcaucasiano tornou possível a este país conhecer e explorar muitos dos seus recursos naturais. Em 1857, na Rússia os caminhos-de-ferro ligavam já Moscovo a São Petersburgo e, em 1862, São Petersburgo a Varsóvia e Moscovo a Novogrado. Moscovo encontrava-se, assim, rodeada por estas linhas.

A ideia de que os caminhos-de-ferro podiam povoar os desertos e aumentar a riqueza nas zonas pobres levou a que estes fossem considerados um assunto da máxima importância para os respectivos Estados. A construção das linhas permanece até à Primeira Guerra Mundial como a primeira causa da exportação de capitais, pois funcionava como instrumento de valorização dos novos territórios.

Entre 1891 e 1903 foram construídas as linhas intercontinentais. Os EUA já tinham construído cinco linhas transcontinentais, entre 1864 e 1890, entre o Atlântico e o Pacífico. Estes transcontinentais desempenham um papel muito importante no povoamento e aproveitamento de grandes espaços, tal como acontecera com o transiberiano, construído a partir de 1891.

Em outras regiões iniciam-se novas redes ferroviárias: China, América Latina e colónias africanas.

Na Europa, as vias férreas tentam numa primeira fase estabelecer os eixos nacionais. Ex.: Paris/Bruxelas; Antuérpia/Colónia; Frankfurt/Bâle; Viena/Praga/Berlim. Na segunda fase lançam-se as vias regionais que entroncam em grandes eixos. Numa terceira fase abrangem as vias secundárias que ligam as localidades mais isoladas.

Os caminhos-de-ferro exigiam um grande investimento de capitais, o qual só foi possível graças à sua grande concentração nas mãos de sociedades modernas e empreendedoras.

A construção dos caminhos-de-ferro, após os meados do século XIX, deveu-se ao aumento da procura de transportes, resultante da expansão industrial. Foram os próprios industriais que subsidiaram os primeiros investimentos. Chegou-se a recorrer à poupança nacional através da emissão de acções e obrigações. Os lucros que provinham da exploração dos caminhos-de-ferro atraíram o investimento privado. Assim, o Estado interferia cada vez mais neste domínio. No caso da Bélgica, os caminhos-de-ferro eram divididos entre o Estado e uma companhia privada, procurando o Estado salvaguardar os interesses nacionais relativamente aos estrangeiros, e deter o tráfego entre a Europa Central e o mar do Norte. Em França, a participação estatal teve muita importância no crescimento da rede ferroviária, já que tinha a seu cargo as despesas mais avultadas e só depois concedia a exploração a companhias privadas que no entanto ficavam sujeitas ao controlo estatal. Na Alemanha, os caminhos-de-ferro desenvolveram-se através da iniciativa privada e estatal. Na Grã-Bretanha e nos EUA, nos anos de 1860-1870 os privados tiveram um papel importante na expansão dos caminhos-de-ferro.

A partir do final do século XIX, todos os países se empenharam no controlo directo das linhas ferroviárias, acabando por nacionalizar as companhias privadas.

Sublinhe-se que a expansão do caminho-de-ferro não pode ser dissociada da navegação a vapor, tanto em rios como no mar. Ficava mais barato enviar as mercadorias por mar do que por terra. Assim, o crescimento da economia da Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, foi estimulado pelo tráfego intenso que se regista nos canais e nas rotas marítimas. Porém, o transporte das mercadorias por mar tinha também os seus inconvenientes. O transporte por rio tornava-se mais seguro e mais barato.

Em 1838, quatro vapores britânicos atravessaram o Atlântico. A dinamização da navegação a vapor teve o seu impulso, principalmente, depois de meados do século XIX, devido aos progressos técnicos que permitiram reduzir o consumo do carvão, aumentar a tonelagem e a rapidez.

Contudo, a expansão da navegação a vapor foi muito lenta já que a Inglaterra, onde se verificaram estes progressos, tinha uma grande frota de veleiros. Por outro lado, este tipo de navegação acarretava problemas quanto ao seu abastecimento, pois a máquina a vapor consumia muito combustível, tornando impossível o seu transporte. Por outro lado, a velocidade das embarcações a vapor não era vantajosa em relação aos veleiros.

A partir de 1860, a aplicação da máquina Compound à navegação permitiu economizar combustível e fazer triunfar a navegação a vapor, isto é, procedeu-se à substituição da roda por uma hélice, que fez aumentar a sua velocidade. Por outro lado, o emprego do ferro na construção naval permitiu o aumento do tamanho dos steamers e da sua tonelagem.

Assim, as vantagens do vapor sobre os veleiros tornaram-se mais do que evidentes nos finais do século XIX. Nesta altura, surgem os primeiros petroleiros a vapor e o barco "frigorífico" para transporte de mercadorias que se estragavam facilmente.

Porém, os veleiros subsistem até 1890 sendo utilizados em distâncias longas. A partir de 1830, o vapor impõe-se também na navegação interior, possibilitando por um lado encurtamento das distâncias e permitindo por outro o aumento da tonelagem.

No entanto, o desenvolvimento da navegação a vapor e o facto de se querer reduzir as distâncias entre o Ocidente e o Oriente levou à construção dos canais de Suez e do Panamá. Por exemplo a abertura do canal de Suez, em 1865, permitiu encurtar a distância entre a Europa e a Ásia, fomentando as relações comerciais entre estes dois continentes. A rota do Cabo, velha de 400 anos, era assim secundarizada, poupando-se 9000 km através do Suez.

A abertura destes canais permitiu exercer um papel muito importante na navegação oceânica e no comércio intercontinental, diminuindo as distâncias e reduzindo o preço do frete. Por outro lado, o aumento do tamanho das embarcações e da sua tonelagem, possibilitado pelo vapor e pelo uso do ferro na construção naval, tornou necessário melhorar os portos marítimos.

Os reflexos do caminho-de-ferro e da navegação a vapor na economia e geografia dos países possibilitaram o alargamento dos mercados e o aumento das actividades, estando ligada a estes a expansão de novos países como os EUA, Argentina, Austrália e Rússia para a Sibéria. Estas duas invenções ou inovações provocaram também um aumento da concorrência, devido à descida das tarifas.

Pintura Neoclássica

Séc. XVIII e XIX

• Influência Humanística e reacção à pintura barroca.
• Influência da pintura romana.


Predomina:

• A razão.
• O Ideal de beleza clássico.
• A simplicidade.
• A geometrização.

Temas:

Históricos, mitológicos ou alegóricos, heróicos e o retrato.
Naturalista.


Composições:
• Geométricas.
• Desenho rigoroso e linear.
• Domínio técnico.
• Tratamento da luz e do valor claro-escuro.


Cores:

• Tons sóbrios.
• Sem modelação cromática.

Jacques Louis David (1748-1828)– pintor francês

Temas: Mitologia e retrato.

Características:

• Inovador em termos de representação: Fundos uniformes, figuras vestidas segundo um padrão clássico, colocadas paralelamente ao plano do quadro, desenho e volumetria com pormenores.
• Representa as figuras da sua época, especialmente o Imperador Napoleão Bonaparte.
• Deixa-se inspirar por esta figura mítica, retratando-a toda a sua vida.
• A sua pintura é de um realismo absoluto, cada personagem é exactamente como está representada.
• Existe uma representação de documentos totalmente nova: o retrato da sociedade.
• Foi precursor do Realismo.

Jean- Dominique Ingres (1780-1867) – pintor francês

Temas: Pinta vários temas sem dar importância à hierarquia da pintura.

Hierarquia

1. Temas históricos ou religiosos (ou mitológicos);
2. Retrato;
3. Cenas de género;
4. Natureza morta;
5. Paisagem.

Características:

• Retrato realista, fidelidade ao modelo apesar da inspiração clássica.
• Gosto pelo exótico, exemplo representação do Leque.

Algumas obras:
“Casa de Rafael”, Ingres pinta-a na impossibilidade de pintar o retrato do mestre.
Nota: Não é possivel apresentar imagem.


"Banhista de Valpicon”
• Nu feminino representado de costas, num interior.
• Simplicidade extrema.
• Ingres não que seguir os cânones de beleza clássica e cria o seu próprio conceito de beleza.
• O turbante não é nada europeu, gosto romântico.




“A Odalisca”
• Ingres estica as figuras.
• Existe uma distorção do corpo da mulher, mas correspondente à realidade da época.
• Turbante árabe e leque egípcio.
• Os objectos em redor da personagem são bastante sofisticados.





“Sr. Bertin”
• Imagem de poder
• Arrogante.




“Apoteose de Homero”
• Homero foi o maior dos poetas gregos, escreveu a Eliada e a Odisseia.
• Ingres pinta toda a humanidade brilhante.



“Banho Turco”
• Formato redondo
• Revela uma sensualidade que até agora estava controlada pela razão.
• Existe uma harmonia maior.





Antoine- Jean Gros (1771-1835)

Temas: Mitológicos e retrato.

Características:

• Composição clássica;
• Retrata a actualidade;
• Gosto pelo dramático.
• Revela um tendência neo- barroca.

A REVOLUÇÃO FRANCESA





A Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão

Art.1.º Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem fundamentar-se na utilidade comum.

Art. 2.º A finalidade de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.

Art. 3.º O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.

Art. 4.º A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique o próximo: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não tem por limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo dos mesmos direitos. Estes limites apenas podem ser determinados pela lei.

Art. 5.º A lei não proíbe senão as ações nocivas à sociedade. Tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene.

Art. 6.º A lei é a expressão da vontade geral. Todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou através de mandatários, para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, seja para proteger, seja para punir. Todos os cidadãos são iguais a seus olhos e igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção que não seja a das suas virtudes e dos seus talentos.

Art. 7.º Ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescritas. Os que solicitam, expedem, executam ou mandam executar ordens arbitrárias devem ser punidos; mas qualquer cidadão convocado ou detido em virtude da lei deve obedecer imediatamente, caso contrário torna-se culpado de resistência.

Art. 8.º A lei apenas deve estabelecer penas estrita e evidentemente necessárias e ninguém pode ser punido senão por força de uma lei estabelecida e promulgada antes do delito e legalmente aplicada.

Art. 9.º Todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado e, se se julgar indispensável prendê-lo, todo o rigor desnecessário à guarda da sua pessoa deverá ser severamente reprimido pela lei.

Art. 10.º Ninguém pode ser molestado por suas opiniões , incluindo opiniões religiosas, desde que sua manifestação não perturbe a ordem pública estabelecida pela lei.

Art. 11.º A livre comunicação das ideias e das opiniões é um dos mais preciosos direitos do homem; todo cidadão pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente, respondendo, todavia, pelos abusos desta liberdade nos termos previstos na lei.

Art. 12.º A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; esta força é, pois, instituída para fruição por todos, e não para utilidade particular daqueles a quem é confiada.

Art. 13.º Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração é indispensável uma contribuição comum que deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades.

Art. 14.º Todos os cidadãos têm direito de verificar, por si ou pelos seus representantes, da necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente, de observar o seu emprego e de lhe fixar a repartição, a colecta, a cobrança e a duração.

Art. 15.º A sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público pela sua administração.

Art. 16.º A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem Constituição.

Art. 17.º Como a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o exigir e sob condição de justa e prévia indenização.

ROCOCÓ

Rococó é o estilo artístico que surgiu na França como desdobramento do barroco, mais leve e intimista que aquele e usado inicialmente em decoração de interiores.
Desenvolveu-se na Europa do século XVIII, e da arquitectura disseminou-se para todas as artes. Vigoroso até o advento da reacção neoclássica, por volta de 1770, difundiu-se principalmente na parte católica da Alemanha, na Prússia e em Portugal.

Os temas utilizados eram cenas eróticas ou galantes da vida cortesã (as fêtes galantes) e da mitologia, pastorais, alusões ao teatro italiano da época, motivos religiosos e farta estilização naturalista do mundo vegetal em ornatos e molduras.

O termo deriva do francês rocaille, que significa "embrechado", técnica de incrustação de conchas e fragmentos de vidro utilizadas originariamente na decoração de grutas artificiais.

Na França, o rococó é também chamado estilo Luís XV e Luís XVI.

Características gerais:

• Uso abundante de formas curvas e pela profusão de elementos decorativos, tais como conchas, laços e flores.
• Possui leveza, carácter intimista, elegância, alegria, bizarro, frivolidade e exuberante.



ARQUITETURA

Durante o Iluminismo, entre 1700 e 1780, o rococó foi a principal corrente da arte e da arquitectura pós-barroca. Nos primeiros anos do século XVIII, o centro artístico da Europa transferiu-se de Roma para Paris. Surgido na França com a obra do decorador Pierre Lepautre, o rococó era a princípio apenas um novo estilo decorativo.

Principais características:

• Cores vivas foram substituídas por tons pastéis, a luz difusa inundou os interiores por meio de numerosas janelas e o relevo abrupto das superfícies deu lugar a texturas suaves.
• A estrutura das construções ganhou leveza e o espaço interno foi unificado, com maior graça e intimidade.


Principal Artista:

Johann Michael Fischer, (1692-1766), responsável pela abadia beneditina de Ottobeuren, marco do rococó bávaro. Grande mestre do estilo rococó, responsável por vários edifícios na Baviera. Restaurou dezenas de igrejas, mosteiros e palácios.



ESCULTURA

Na escultura e na pintura da Europa oriental e central, ao contrário do que ocorreu na arquitectura, não é possível traçar uma clara linha divisória entre o barroco e o rococó, quer cronológica, quer estilisticamente.

Mais do que nas peças esculpidas, é em sua disposição dentro da arquitectura que se manifesta o espírito rococó. Os grandes grupos coordenados dão lugar a figuras isoladas, cada uma com existência própria e individual, que dessa maneira contribuem para o equilíbrio geral da decoração interior das igrejas.


Principais Artistas:

Johann Michael Feichtmayr, (1709-1772), escultor alemão, membro de um grupo de famílias de mestres da moldagem no estuque, distinguiu-se pela criação de santos e anjos de grande tamanho, obras-primas dos interiores rococós.


Ignaz Günther, (1725-1775), escultor alemão, um dos maiores representantes do estilo rococó na Alemanha. Suas esculturas eram em geral feitas em madeira e a seguir policromadas. "Anunciação", "Anjo da guarda", "Pietà".



PINTURA

Durante muito tempo, o rococó francês ficou restrito às artes decorativas e teve pequeno impacto na escultura e pintura francesas. No final do reinado de Luís XIV, em que se afirmou o predomínio político e cultural da França sobre o resto da Europa, apareceram as primeiras pinturas rococós sob influência da técnica de Rubens.

Principais Artistas:

Antoine Watteau, (1684-1721), as figuras e cenas de Watteau se converteram em modelos de um estilo bastante copiado, que durante muito tempo obscureceu a verdadeira contribuição do artista para a pintura do século XIX.

François Boucher, (1703-1770), as expressões ingênuas e maliciosas de suas numerosas figuras de deusas e ninfas em trajes sugestivos e atitudes graciosas e sensuais não evocavam a solenidade clássica, mas a alegre descontração do estilo rococó. Além dos quadros de caráter mitológico, pintou, sempre com grande perfeição no desenho, alguns retratos, paisagens ("O casario de Issei") e cenas de interior ("O pintor em seu estúdio").

Jean-Honoré Fragonard , (1732-1806), desenhista e retratista de talento, Fragonard destacou-se principalmente como pintor do amor e da natureza, de cenas galantes em paisagens idílicas. Foi um dos últimos expoentes do período rococó, caracterizado por uma arte alegre e sensual, e um dos mais antigos precursores do impressionismo.

IMAGENS DO ROCOCÓ:








Arquitectura barroca

A arquitectura barroca é o estilo arquitectónico praticado durante o período barroco, que se inicia a partir do século XVII e decorre até a primeira metade do século XVIII (1600 a 1780). A palavra "barroco" define uma pérola de formato irregular.

CARACTERÍSTICAS DA ARTE BARROCA :

Destinava-se a fascinar pelos sentidos e a veicular uma mensagem ideológica através:
. do movimento curvilíneo, real ou aparente;
. da assimetria;
. do jogo da luz e da sombra;
. da busca do infinito, do teatral, do fantástico;
. do cenográfico.
Na arte religiosa, procurou aprisionar o crente pelos sentidos – visual, auditivo, olfactivo – de forma a provocar emoção, afectividade e misticismo.
Definiu uma arte nova e original em termos de linguagem decorativa, mais fantasista, mais imaginativa, mais cénica, mais ao gosto pessoal dos seus criadores.
Foi uma arte que se aliou ao poder: dos reis e da Igreja.

ELEMENTOS DEFINIDORES DA ARQUITECTURA BARROCA:

Utilização de elementos construtivos do Renascimento:
. uso das ordens clássico-renascentistas (jónica, coríntia, compósita, colossal);
. gramática formal (colunas, entablamentos, frontões);
. proporções modulares (medida o Homem).
Aliança com a pintura, escultura, jardinagem e jogos de água:
. criação de efeitos perspécticos e ilusórios, nas plantas, tectos, cúpulas, pela decoração;
. criação de ilusão do movimento;
. combinação e abundância de linhas opostas reforça efeito cénico;
. uso de jogos de claro-escuro pela construção de massas salientes e reentrantes (sinuosas ou lisas).
Elementos construtivos usados como elementos puramente decorativos:
. uso de colunas torsas, helicoidais, duplas ou triplas e escalonadas;
. uso de frontões centrais para reforçar o movimento ascensional das fachadas;
. uso de decorações naturalistas.

CARACTERÍSTICAS DA ARQUITECTURA RELIGIOSA:

Houve uma necessidade de adaptar as igrejas às exigências dos princípios religiosos saídos do Concílio de Trento.
PLANTAS :
. apresentam uma grande diversidade formal (formas geométricas curvas, elípticas e ovais, irregulares como as trapezoidais, e estreladas);
. plantas de nave única que se apresentam segundo duas tipologias:
- rectangulares, a nave central alonga-se, empurrando as naves laterais de modo a ficarem reduzidas a capelas abertas para o espaço central;
- elíptico-transversais e elíptico-longitudinais;
PAREDES :
. exteriormente, para se adequarem aos desenhos sinuosos das plantas, alternaram entre côncavas e convexas, formando paredes ondulantes, criando surpresa e efeitos luminosos;
. interiormente, estão cobertas por estuques, pinturas, retábulos em talha dourada, criando a ilusão de um espaço maior, ligando tecto e parede;
COBERTURAS :
. abóbadas, sustentadas por contrafortes exteriores, decorados com voluptas ou orelhões ;
. cúpula colossal (representava simbolicamente o Céu); prolonga as paredes;
FACHADAS :
. seguiram primeiro o esquema renascentista e maneirista (o corpo central tem um grande frontão que acentua a verticalidade);
. mais tarde apareceram fachadas mais caprichosas:
- divididas em andares;
- formas onduladas (côncavas e convexas) e irregularidades, contribuem para o jogo de luz e sombra;
. portal principal tem maior ênfase pela decoração vertical e pela acumulação de ornamentação - esculturas, frontões, colunas;
. torres sineiras, nos lados da fachada, são elementos independentes que reforçam a verticalidade.
DECORAÇAO INTERIOR
. pinturas a fresco:
- com linhas ondulantes, serpentinadas, turbilhões de figuras voadoras, querubins e anjos, inseridos numa luz celestial, ascendendo ao infinito, na procura de Deus, através de invisíveis linhas de perspectiva;
- valorizadas pela luz dos janelões, das janelas e da cúpula com lanternim;
- reescreviam a história da religião e a ordem divina com uma exuberante alegria;
. mármores policromados
. talha dourada
. esculturas
. retábulos
. Telas
. órgãos